Mergulhados em Esquecimento
16.6.12
Quando, à minha Avó materna, foi detetada a doença de Alzheimer, assumo que fiquei profundamente abalado.
A verdade é que me fez confusão, imaginar que uma pessoa rica em tanta cultura e conhecimentos, uma pessoa que viajou por todo o lado e que tanto tinha para nos contar, do nada, estaria a caminhar a passos largos para um esquecimento quase profundo.
Quando este tipo de batalha começa, entramos numa verdadeira luta contra o tempo, urge absorver tudo quanto é possível, em tempo útil ...
Desde que me conheço, sim, que há muitos anos, existia a tradição de toda a família se reunir, à mesa de jantar, aos sábados à noite, em casa da minha Avó.
Com o tempo, e com a vida atarefada de cada um, que os lugares vazios foram sendo cada vez mais, faz parte, (infelizmente).
O meu manteve-se fiel, e dificilmente falho um sábado, da companhia de alguém que, em tempos, tanto partilhou comigo.
Agora somos mais nós, a partilhar, que o contrário, mas ainda assim, a magia emotiva acontece.
Alzheimer é uma doença neuro-degenerativa, que provoca o declínio das funções intelectuais, reduzindo as capacidades de trabalho ou de relação social, e interferindo no comportamento e na personalidade.
Normalmente aparece em pessoas com mais de 60 anos, mas também há casos de se iniciar em outras idades.
Entre os mais variados sintomas, da doença, estão a ansiedade, agitação, ilusão, desconfiança, perda de memória, confusão e desorientação ...
Problemas para reconhecer parentes e amigos, alteração da personalidade e do senso crítico, falas e movimentos repetitivos, entre tantos outros, tão maus, que custa até referir ...
E tem sido assim, a (des)evolução da minha Avó, ainda que, felizmente, no caso dela, a doença avance muito lentamente ... Mas avança.
Cada paciente de Alzheimer, sofre a doença de forma única, mas existem pontos em comum, como o sintoma primário da perda de memória ...
Então, e na maior parte das vezes, é já habitual que nos confunda, ou que a meio do nada, pergunte quem somos.
Um esforço, para que a lágrima não corra: Avó, Sou eu!!
Quem me vai falar agora desta ou daquela viagem, ou dos tempos em que lecionava, e recebia esta ou aquela boa referência, como professora de excelência que foi?!
Atualmente, só se recorda que era conhecida como a 'Florinda dos 20', em tempos de escola ...
Perdidos em memórias, a família desempenha um papel crucial, na luta contra uma doença que não conhece barreiras, então devemos forcar algumas perguntas, como foi o dia dela, por exemplo, para que exercite a sua memória, e pense no que fez, ou no que prestou atenção.
Incurável, o Alzheimer ainda não possui uma forma de prevenção.
Os médicos acreditam, que manter a cabeça ativa, e uma boa vida social, permite, pelo menos, retardar a manifestação da doença.
Entre as atividades recomendadas para estimular a memória, estão a leitura constante, exercícios de aritmética, jogos inteligentes ou participação em atividades de grupo.
E que assim possamos, de alguma forma, tentar protelar este duro mergulho, no esquecimento ...
FranciscoVilhena
FranciscoVilhena
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Em nome de todas as memórias, que ainda guardas em ti, dedicado à minha Avó materna, Maria Florinda Vilhena, assim como para todos os infelizes desafortunados, com a doença de Alzheimer.
Todas as Fotografias, usadas neste artigo, foram retiradas do motor de pesquisa Google.
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