Pela Avenida Fernão de Magalhães, a Infeliz Requalificação 'sem' Árvores

23.9.12


Contrariamente aquilo que mais gosto de escrever, hoje, não tenho nada de glamoroso, para partilhar, muito pelo contrário.

Do chique ao menos chique, o mote foi dar voz a uma certa revolta, que tenho vindo a sentir, e tentar que alguém, algures, perceba, que Elas, também são seres vivos!!!

Vivo já há algum tempo, nas proximidades da Praça de Velasquez, e sempre que saia de casa, (ou regressava), tinha um particular conforto,  ao passar na Avenida Fernão de Magalhães ...

De um lado e do outro, árvores estrondosas, sombras perfeitas, para um passeio a pé, ou o spot ideal, para os pássaros, que chilreiam, quase como música de fundo.

E nos tempos menos quentes, uma espécie de toldo natural, promovido pelo abraço das árvores, que ladeavam toda a avenida, e que estendiam a distância entre nós e a chuva ... 

No início do mês de Setembro, deram início à requalificação do piso dos passeios.

A verdade é que, e com o passar do tempo, as árvores ganharam força, sobre o cimento, quase como que proclamando, o espaço que outrora lhes pertencia ...



A opção de alargar o espaço, entre o tronco da árvore, e o pavimento, foi perfeita, e o efeito do chão, levantado pela força do crescimento das raízes, desapareceu.


(...)

Na semana passada, o meu primeiro choque, uma das tão estrondosas árvores, completamente mutilada, numa preparação de golpe final, o corte.


Assumo que pensei, (ou quis acreditar nisso), que seria por estar doente, (e muitas das vezes, têm que ser abatidas, para evitar que caiam).

Uma, outra, e outra, e todos os dias, num novo dia, uma árvore a menos.

Ninguém percebeu que estão a destruir seres vivos?

Ninguém percebeu que estão a destruir toda a serenidade da Avenida Fernão de Magalhães?

A natureza não é, de facto, a minha formação académica, e desconheço os danos que pudessem ter causado, mas agora, e depois do investimento que foi recuperar todos os passeios para manter quem de direito, o abatimento desmedido, e a substituição, (desculpem), ridícula, por árvores que parecem bonsais.


Já não existe uma imagem do antes, (nunca ninguém registou, o que imaginasse que iria ter um fim tão próximo), mas deixo-vos alguns pequenos polaroides, de um idiota qualquer, que chegando o Outono, precisou de madeira para aquecer a alma que não tem.




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