Pela Praia de Matosinhos, O Desafio

14.8.13


Hoje assino uma possível sentença, perante os tantos fãs do concelho de Matosinhos (que dita a publicidade, oferece belas praias, que vão recortando a costa em desenhos desiguais), mas não podia deixar de vos relatar a minha experiência.

Tudo isto começou com um banal desafio...

Um convite, para ir até à Praia de Matosinhos.

Todas as experiências são necessárias, e nem só de caviar vive a melhor inspiração ... 

Tanto ando num carro de alta cilindrada, como de metro (se assim o entender), e somente uma pessoa segura daquilo que é, terá capacidade de entender isso.

Não vivo da aparência, vivo daquilo que me faz sorrir, e por isso mesmo, e pela premência da descoberta, quiçá, tive necessidade de sentir o pulso da minha cidade, (e que longe está de se resumir à zona da Foz ou de Leça da Palmeira).

Confesso, que nos meus tempos de faculdade, apreciava as noites de Verão, passadas na esplanada do Lais de Guia (que nasceu em 1996, em plena praia de Matosinhos, e cujo nome vem de um dos nós mais usados na faina marítima), mas daí ao pulo até à praia, o casamento nunca aconteceu.

Os anos passaram, e ainda que a requalificação de toda a marginal tenha promovido um alento a esta zona, com recentes urbanizações, esplanadas modernas e parques de estacionamento para quem aqui chega de carro, a sedução pelo areal nunca se deu,

É uma praia confusa, onde a lotação de 500 pessoas passa das mil (risos).

Depois temos toda a estruturada rede de transportes, que desagua por lá, juntamente com as saídas de esgoto (que desemboca mesmo a meio).

Pouco (ou nada recetivo), muni-me de contrariada companhia, e rumamos ao destino.

Na verdade comecei como há uns anos atrás, pela esplanada do Lais de Guia.

Olhei para o areal, e o caos visual instalou-se ... Isto não é uma praia, é uma Primark em areia (gritava o meu cérebro).

Mas enchi o peito de ar, e comecei a procurar um lugar, entre os reduzidos espaços livres.

Todo o metro quadrado estava, literalmente, sobre lotado, quer de um lado ...


Quer do outro.


Por breves segundos (ainda que repetidamente), a solução mais viável parecia-me cortar os pulsos!

Tornei a respirar ...

Consegui encaixar-nos junto ao nadador salvador, acho que inconscientemente, me sentia mais seguro ... 

Durou pouco tempo.

Da mistura musical dos tantos rádios que entoavam ao meu redor, aos calões que nem sabia que existiam, ora rezava para não levar com uma das mil bolas, como ao mesmo tempo desejava que o relógio avançasse até à hora do vamos embora.

Suspirei, e pensei para mim próprio que o desafio estava a começar, então era tirar o melhor partido disso.

Fiz uma pequena batota, e troquei de lugar para uma das barracas de praia (sendo que nem aí me livrei dos povoados vizinhos).


Ainda tentei alugar uma fila inteira, mas só me foi permitido uma!

Mais tranquilo, tornei a olhar ao meu redor ...

Apercebi-me dos sorrisos contagiantes (ainda que ruidosos), de vários grupos de amigos ...

Desde os torneios de futebol de praia e de voleibol, às aulas de surf e outras atividades desportivas, o cenário começava a ter para mim um colorido quase único.

Dei por mim também a viajar na prancha, tal foi a vontade de radicalizar a minha intimidade com as ondas ... Mas o cabelo, oh o cabelo (risos).


Brincadeiras à parte, sem etiqueta de coisa nenhuma, uns dançavam, outros corriam, comiam e bebiam, mas o mais curiosos, é que o faziam longe dos olhares invejosos ou reprovatórios de quem os rodeia.

Dos bolos cheios de creme às cervejas, passando até pelas danças gangana stylle, vi centenas de pessoas felizes, onde a cor da toalha ou do calção, ou mesmo o tempo que passamos a sarar o corpo na academia, era o que menos importava por ali.

Segredo-vos que pensei para mim mesmo, podem parecer não ter muita coisa material, mas têm talvez o melhor: alegria em viver!!!

Com pouco (ou quase nada), fazem muito.

Não equaciono voltar, (uma experiência bastou-me), senti falta da minha liberdade de espaço, dos reservados, e do atendimento personalizado, mas vim com a certeza de que, por ali, se vive um ambiente de alegria, com um sabor especial a férias, onde a diversão e a cumplicidade ... Só recolhem ao pôr do sol!!


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