Manhã de Curva

28.3.18


Hoje o meu dia tinha tudo para começar tranquilo...

Saí de casa mais cedo, já com o pequeno almoço tomado (confesso, é inédito, por hábito como sempre mais tarde) e circulei sem trânsito nenhum (outro dos milagres da nossa cidade).

Eu e a minha música, naqueles momentos em que a condução parece ser em piloto automático, de tão concentrados que estamos nas nossas coisas.

Entrei pela saída Porto (Boavista) e logo na curva (antes de entrar na Avenida) estava um Peugeot, parado, sem piscas nem nada, apenas parado.

Contornei-o e só quando olhei pelo retrovisor, percebi um senhor de idade, aparentemente nervoso.

Levei uns segundos a digerir o que vi e a decidir o que ia fazer, o que me levou a parar uns metros à frente.

O carro dele simplesmente não andava.

Divorciei-me do look certinho (lá se foi a camisa dentro das calças!!!) e prontifiquei-me a ajudá-lo.

Não andava (alguma anomalia elétrica) por isso antes de mais, decidi que teríamos que o tirar da curva!

Andei com o meu uns quantos metros mais, de forma a subir para cima do passeio, e empurrei o carro do senhor até ao lugar onde senti que a segurança era a mais indicada.

Ainda me quis ajudar mas percebi que a avançada idade e a pouca locomoção mereciam respeito, portanto empurrei o carro literalmente sozinho!!

Foi desde este local (onde tirei a fotografia) até ao ponto cinzento, ali mesmo ao fundo (que é, na realidade, o Peugeot).





Se foi fácil? Não.

Mas pior que isso (e o que me leva a esta indignação revoltada com o Mundo!) é o facto de terem passado por mim inúmeros carros e nenhum se prontificar a oferecer ajuda, pelo contrário, ainda levei umas quantas buzinadelas e alguns gestos pouco simpáticos com as mãos (vou acreditar que eram exercícios fisioterapeutas) por estar a atrapalhar o trânsito. 

Podia ser o eu pai, o teu avó, até mesmo o meu...

Podia ser quem fosse, era alguém que precisava de ajuda, aquela que oferecemos a toda a hora nas frases cliché "se precisares estou aqui".

Dizemos-nos evoluídos, nas redes sociais apelamos aos cuidados com os animaizinhos, revoltamos-nos contra o bullying mas não passamos de uma sociedade de bancada!

Aos que contrariam esta irracionalidade, o meu Obrigado.

A todos os outros, vão dar uma curva!

FranciscoVilhena

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