Algures, num Banco de Jardim
10.8.13Recentemente, tive uma manhã diferente ...
Acabei por partilhá-la na rede social (de uma forma bem mais sintetizada), mas assumo que este meu namoro, merece uma narrativa diferente ...
Tirei partido do amuo do Sol (que cismava em esconder-se, algures), e da teimosia do meu carro (que tardava em voltar do concessionário) e de ténis calçados, saí de casa.
A Avenida Fernão Magalhães parecia uma pista interminável (pensei).
Nesse dia, não tinha muitas tarefas para fazer, o que permitiu agilizar-me, sem grandes dores de cabeça.
Comecei por ir à costureira (e libertar-me do volumoso saco de roupa que transportava).
Passei numa tosca papelaria (para comprar aquela revista social) e ainda tive tempo para visitar as 'novidades', num velho antiquário (chamemos-lhe assim) em Costa Cabral.
A última visita, nesse dia, foi à Doce Alto, para trazer pão fresco para casa.
Pela rua, (e recordo-me tão bem) cruzei-me maioritariamente com pessoas de idade, (por sinal mais acolhedoras), sempre com um sorriso estampado, à conquista de um olá, e disponíveis para duas de conversa.
Talvez pela minha disponibilidade, ou talvez pela proximidade com a ternura das minhas avós, ou talvez mesmo por ambas, sou sempre um bom ouvinte, das histórias de cabelos brancos ...
Acho que mais do que me dar a conhecer, tenho eu que aprender, das palavras e ilações que saem dos vetustos lábios, vincados por anos de experiência ...
Nestas viagens a pé, (que muitos já o fazem por hábito), ficamos literalmente mais atentos ao que nos rodeia, desde a pisada calçada às folhas das árvores, em cada casa, em cada muro ...
Vivo aqui há cerca de 8 anos, e ainda há coisas que sinto estar a ver de novo ...
Terminei este encontro, num velho banco de jardim, onde me sentei e suspirei: são estes preciosos detalhes que fazem valer a pena.
Apaixonei-me pela sombra, pela brisa, pelos pássaros (que tenho a felicidade de ouvir com frequência), mas até o canto, parecia entoar de forma diferente ...
Acho que foi o banco de Jardim, que promoveu esta absorção de emoções, enquanto me segredava, que há muito, que não tinha a cumplicidade das mãos dadas do envergonhado casal apaixonado, ou mesmo daquele simpático senhor de cabelos brancos, que atirava milho aos pombos ...
Mas eu ... estou aqui agora, e prometo voltar ao encontro daquele esquecido banco, que tanto ainda tem para me contar.
FranciscoVilhena
FranciscoVilhena
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