É uma doença ... Não uma escolha!

19.1.15


Hoje vou falar-vos de um assunto que, infelizmente, parece ter tanto de banal como de preocupante (na minha opinião!).

Depressão!

A 'doença do século' há quem ironize ... 

Um familiar, um amigo, um conhecido, tantas serão as possibilidades de termos, bem do nosso lado, alguém que atravessa um daqueles momentos que, visto de fora, parece não fazer sentido.

Acabamos sempre por encontrar uma enorme facilidade em assumir que as pessoas não têm motivos para estar assim, ou quando têm, que só existe um caminho (em frente) claro ...

Descomplicamos o que de simples não tem absolutamente nada!

Nem mesmo o facto de Portugal ser um dos países da Europa com maior taxa de depressão, parece ser suficiente para alertar que este assunto, afinal, talvez deva ser levado a sério ...

Quantos de nós já não se esconderam num sorriso, para disfarçar aquela vontade desenfreada de chorar?

Quantos de nós já não tivemos problemas que (à nossa própria escala) parecem ser suficientes para acharmos que chegou o fim do Mundo?

Quantos de nós talvez ainda estejam a passar por isso?

Na maior parte das vezes, existe uma facilidade maior em disfarçar perante os amigos; sabemos o que se espera que façamos e agimos de acordo com isso.

Quem, aqui, não consegue disfarçar um sorriso?

Eu consigo!

Disfarçar as lágrimas, exige outro esforço, mas também não é impossível.

A verdade é que a depressão não se manifesta da mesma forma, de pessoa para pessoa, muito pelo contrário.

Se nalguns casos, são mais evidentes os sintomas emocionais (de tristeza, desânimo, falta de interesse) noutros, a depressão manifesta-se sobretudo de forma física, com dor, alterações no sono, falta de energia, fadiga ...

Alterações que até nos passam completamente ao lado, ou que atribuímos a um inúmero conjunto de fatores 'dormiste mal', 'andas a praticar ginásio a mais', sei lá, no fundo todos temos uma certa (in)capacidade médica de fazer diagnósticos.

Ninguém grita que precisa de ajuda, os sinais são, na sua maioria, involuntários, inconscientes, mas vivemos todos tão centrados nos nossos próprios problemas, que acabamos por desvalorizar os dos outros, faz parte.

Saber qual a diferença entre um quadro de tristeza, por exemplo, e um caso real de depressão não é a tarefa mais simples do mundo. 

“Tristeza é uma emoção, enquanto depressão é uma doença”

Doença! Este é o termo certo.

Leva as pessoas a um abismo descontrolado; nalgumas vezes até a um final menos feliz.


Há quem leve meses (senão anos) a sair desse estado ... 

Há também quem nunca saia.

Mas isso não os vai impedir de 'sorrir', de ter momentos que parecem estar resolvidos ou de bem com a vida ...

É uma instabilidade sem nenhum sentido aparente.

Um distúrbio afetivo que acompanha os doentes, carregado de tristeza, pessimismo, baixa auto-estima, entre muitos outros; falta de vontade para as coisas mais básicas, como comer, sair da cama ou até tomar banho.

Sabem, era capaz de estar aqui horas, tantas são as coisas que ficam por dizer mas no final, resta-me a certeza de que serão nesses piores momentos, que as pessoas verdadeiramente especiais vos farão sorrir ...

Que serão nesses piores momentos, que vão sentir o apoio incondicional de quem sempre esteve lá ...

Independentemente de compreenderem, concordarem, sem pressões ou cobranças, na certeza que a depressão é uma doença ... Não uma escolha!


FranciscoVilhena

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2 comentários

  1. Capacidade incrivel para exprimires os teus sentimentos e dos outros. Parabéns, está excelente! Abraço.
    Bruno Ribeiro

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  2. Grande verdade.
    Não por estar a passar um desses momentos, devido ao 2.º luto pela morte do pai, dado o 1.º ter todo ele sido racionalizado; o que parece normal em situações cujo final já é conhecido, como naquele maldito cancro. Mas é horrível sentir e ver como as pessoas, com formação académica superior, nos olham e dirigem a palavra.
    Descentralizando-me como um dos elementos a quem esta publicação toca, obrigado também pelos meus alunos e pais. Assim, sempre tenho mais um ponto de referência para os apoiar e ganhar confiança para melhor os reencaminhar.
    Abraço.

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