My little bug

31.1.17


Que eu sou ligado às coisas, não é novidade nenhuma (ver artigo Eu e as Coisas) mas há coisas e coisas...

Uma delas é o meu carro.

Não é por ser meu, mas asseguro, não é um carro qualquer!

A paixão por ele foi imediata, o chamado Amor à primeira vista.

Entrei no concessionário (passando a publicidade, Motorjota) e lá estava ele, em cima de uma espécie de degrau elevado, em círculos demorados, o suficiente para nos vidrarmos em cada centímetro.

Por momentos recordei o primeiro carro da minha avó paterna, também ele um carocha amarelo...

Em frente.

Fechei, abri, entrei, sentei, cúmplice da minha certeza de que já não saía dali sem ele.

Para além da capota que permitia o abraço a céu aberto, os bancos aquecidos, o leitor de DVD, a câmara traseira e tantos mais faziam as delícias da criança que guardo dentro de mim e gritava, boa Chicco, tantos extras!!!

O namoro nem existiu, passámos logo para o casamento (risos).

Partilhei anos de histórias, momentos, lugares... Passei por muito e estava seguro de que iríamos passar por muito mais. 

A família cresceu e com isto falo dos meus três cães, que acabam por ser difíceis de transportar, num carro que (entre outros aspetos) nem rebate os bancos...

Não sei como este negócio aconteceu, arrisquei, sempre convicto que não daria em nada mas enganei-me.

O mais caricato de tudo isto foi que a decisão do próximo carro (que comprei e está no concessionário desde Dezembro à espera que eu ganhe coragem para lá deixar o beetle) recaiu num modelo praticamente do mesmo tamanho (como é possível?), ainda que com funcionalidades distintas.

O Beetle será sempre o meu carro de sonho, aquele que sempre quis ter... E tive. 

Ainda tenho, eu sei, mas restam poucas horas na sua companhia.

Não falei desta troca a ninguém, e sei que vou apanhar os meus amigos chegados de boca aberta.

Se é fútil este apego? 

Pouco me importa!!!

Quero lá saber do que acham e até digo mais, sou um chorão, assumo sem rodeios, que já perdi a conta das vezes que me desfiz em lágrimas agarrado aquele volante.

Falhei contigo, prometi que íamos ficar juntos a vida toda e a vida não acabou, nem para ti nem para mim, então a desonestidade é minha.

É só um carro? Não é só um carro, porra!

É o meu carro e já me sufoca de saudades mesmo sem ainda ter partido.

FranciscoVilhena










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